Lançada sob a expectativa de representar a sinalização de “início de retomada” para o setor moveleiro, FIMMA 2017 anima, mas também provoca reflexões.
Visivelmente menor em relação a edições em que atingiu o seu auge, ainda assim a FIMMA 2017, realizada entre os dias 28 e 31 de março último, na cidade de Bento Gonçalves, RS, pode aspirar à manutenção do posto de 5ª. maior feira do mundo com foco na indústria moveleira. A Corte Certo, uma vez mais marcou presença, desta vez compartilhando o stand da SCM Tecmatic.
Segundo dados dos organizadores, mais de 25 mil pessoas visitaram 360 expositores, propiciando negócios da ordem de US$ 290 milhões – números grandiosos, mas que se apequenam na comparação com a própria FIMMA, por exemplo, em sua a edição de 2013 que, com números equivalentes cerca de 80% maiores, chegou a US$ 439 milhões.
Com isso, áreas inteiras dos pavilhões do Parque de Eventos tiveram de ser suprimidas ou disfarçadas, o que não passou despercebido de visitantes mais assíduos. Também em tempo de feira houve redução: um dia a menos, uma hora a menos.
Não que a feira tenha sido ruim. Pelo contrário. Quem a visitou, gostou. Houve até quem elogiasse o fato de a feira ser mais compacta, sem deixar de conter os principais players do mercado. E expositores acharam conveniente o início após o horário do almoço, às 13:00, em vez das 10:00.
De qualquer forma, não faltou também quem lançasse dúvidas sobre a realização de novas edições. Razões não faltaram entre visitantes e expositores para justificar o encolhimento. “A retração e a recessão”, pontuadas por Rogério Francio, presidente da FIMMA 2017, claro, surgem em primeiro lugar, mas logo aparecem outras como os problemas já crônicos de exploração dos visitantes pela rede hoteleira, cujas diárias chegam a subir até 4 vezes durante o período do evento, ou mesmo pela de restaurantes. Se para expositores de outras regiões esse é um porém que encarece a participação a ponto de desestimulá-la, para visitantes, o problema pode ser ainda mais preocupante, como o de simplesmente não encontrar onde se hospedar, mesmo em cidades mais próximas.
Esse pensamento inevitavelmente leva a outro: o da concorrência com a feira Formóbile, em São Paulo, a ser realizada já no ano que vem em uma cidade muito mais preparada para receber os visitantes.
Para alguns, em especial os que estão localizados na região, problema maior são duas feiras de grande porte e perfil similar em datas tão próximas: “Praticamente ninguém consegue ter grandes novidades de um ano para outro”, atesta um visitante. Já para outro, um estrangeiro, o problema é mesmo a localização: “Chegamos a São Paulo numa viagem cansativa e ainda temos de embarcar para Porto Alegre e enfrentar estrada”. A opção pelo aeroporto de Caxias do Sul, bem mais perto de Bento Gonçalves, normalmente custa 3 vezes mais.
Há ainda quem aponte também concorrências internacionais importantes, no mesmo ano, como a da tradicional feira de Hannover, na Alemanha, a Ligna, programada para o próximo mês de maio, entre os dias 22 e 26.
Decretar a exclusão do evento no calendário, no entanto, parece prematuro. 25 mil visitantes em ano de crise é um número nada desprezível. Além disso, segundo dados da MOVERGS (Associação das Indústrias de Móveis do Estado do RS), o estado, com destaque para a região de Bento Gonçalves, responde por quase 20% da produção moveleira do país. Ou seja, é um ponto ideal no Brasil para a disseminação de informações atualizadas sobre o setor, com a consequente qualificação e atualização de seus profissionais, com alcance direto a iniciantes na área, que dificilmente teriam recursos para visitar outras feiras de mesmo porte.
Some-se a isso, a tradição da Feira e a já consagrada eficiência da equipe organizadora em manter banheiros limpos e abastecidos de sabonetes e papéis (embora, neste ano, algumas falhas tenham sido observadas), boa variedade em áreas de alimentação, oferta de artigos de conveniência para esquecidos ou de itens de lembranças regionais (vinhos, cervejas, chocolates, artesanato, etc.), eficientes serviços de shuttles (transportes circulares gratuitos) e de informações – em contraste, no entanto, com irritantes avisos de alto-falantes demasiadamente altos ou sinais fracos para internet.
Neste ano de “cautela” por parte dos expositores, como bem ressalta Francio, quem participou certamente tirou proveito do menor impacto da concorrência, o que pode ter feito a FIMMA valer a pena.
Para a Corte Certo, valeu. A presença diretamente no stand da SCM Tecmatic, o maior de toda a feira, além de ratificar uma parceria que determina o embarque deste otimizador de planos de corte em vários dos modelos de suas seccionadoras, serviu também para discutir com os clientes comuns, necessidades de produção e estabelecer com eles vínculos mais estreitos e produtivos.